Cada vez mais tem se mostrado claro que um negócio sem propósito não atrai talentos. Bancos, consultorias, fundos de investimento e uma miríade de outros business, antes vistos como destino natural de grandes cérebros, estão revendo sua forma de “se vender” buscando estar em alinhamento com esta tendência. Não apenas se vender, mas também revisitando formas de contratação de parceiros, aceitação de clientes e outros.

Quando falamos do setor de tecnologia é ainda mais latente a necessidade de um propósito claro de existência. Há alguns possíveis fatores que podem determinar esta latência. Como, o dinamismo que o envolve, a  alta concentração de millennials, a rápida adoção a inovações que surgem globalmente, e, principalmente, em minha opinião, a conexão global com que este setor interage, ou seja, estão sempre cientes de movimentos que estão em seu início no mundo.

Só o desafio de ter um propósito nobre no contexto do negócio já se mostra relevante para boa parte dos grandes players do setor, mas uma nova fronteira está surgindo, não bastará ter propósito, será necessário ter uma comunidade engajada.

Esta realidade já está acontecendo em alguns segmentos, e destaco o setor de criptomoedas. Neste segmento há inúmeros exemplos interessantes de iniciativas que já nascem com uma comunidade engajada com sua causa, sem qualquer remuneração ou tendo algum tipo de recompensa, se envolvem profundamente, contribuindo em vários aspectos, pelo simples fato de se identificar plenamente. 

Recentemente uma famosa Exchange de Cripto global fez a aquisição de uma startup que estava envolvida com a oferta de tecnologia para reconhecimento facial na China, rapidamente a comunidade se movimentou iniciando um fluxo de “boicote” a Exchange se ela avançasse na negociação. Percebendo isso, e atuando com velocidade e respeito a sua comunidade, a empresa optou por desligar todo o corpo diretivo que esteve diretamente conectada com o projeto chinês. Assim, da mesma forma que um negócio adotado pela comunidade pode ser extremamente escalável, há de se entender que não basta “falar que é, tem realmente que ser e agir como tal.”

Ao que parece, o mundo das criptomoedas e do blockchain está permeado por situações como esta, o principal exemplo é o próprio bitcoin, que desde seu surgimento se propõe a contestar o status quo, engajando naturalmente uma legião de “libertários”. Além das criptos, a tecnologia por trás delas, o blockchain, por todo seu potencial disruptivo, ou seja, o potencial impacto de mudança que provoca e provocará em vários setores também atrai milhares de nerds, profissionais de negócios e uma gama enorme de especialistas que estão dispostos a levar adiante iniciativas que envolvam esta tecnologia, reunindo mais uma vez comunidades inteiras dispostas a serem seus “early adopters”.

Este poder vindo da comunidade é infinito, naturalmente imagina-se que se limita apenas a reverberar certas ações/empresas, e potencializar um “boca a boca”. Mas vai muito além disso. O próprio fenômeno dos ICOs (initial Coin Offerings) se deu como um formato encontrado pela comunidade de viabilizar projetos que de tão disruptivos e/ou arriscados, dificilmente seriam apoiados por Venture Capitals comuns. Ou seja, foi uma forma de atuação competindo diretamente com o setor tradicional de investimentos. O mesmo pode ser dito do fenômeno das mídias sociais, uma grande comunidade que se nutre de várias pequenas comunidades, dando voz e dados que competem ferrenhamente com todo o setor de mídia, forçando-os a se reinventar.

O movimento das comunidades veio para ficar, cada vez mais negócios devem ser pensados para apoiar e empoderar comunidades. Se pensa em alguma iniciativa empreendedora que de forma alguma engajaria nichos inteiros, sugiro repensar, o futuro é este e as pessoas estão sedentas por pertencimento.

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