Hard fork é uma mudança no protocolo de uma blockchain que resulta efetivamente em duas ramificações, uma que segue o protocolo anterior e outro que segue a nova versão.
Vamos primeiro entender o que é blockchain. A palavra, em inglês, significa “corrente de blocos”. Validadores analisam um bloco, que contém transações, e se todas as transações no bloco forem legítimas, feitas de forma correta e sem fraude, o bloco é adicionado a uma “corrente de blocos”, onde fica registrado de forma permanente.
Suponha que, por algum motivo, um grupo de pessoas queira mudar algo na forma como a blockchain funciona ou queira ignorar a existência de um bloco já adicionado à corrente – seria necessário utilizar uma blockchain diferente, uma corrente diferente.
Exemplos de Hard Fork
Em 2017, foi lançado o Bitcoin Cash (BCH). Algumas pessoas acham que a solução para alguns dos problemas que o Bitcoin tem que enfrentar é aumentar a quantidade de transações que “cabem” em um bloco. Assim, propuseram a criação de uma moeda muito parecida com o Bitcoin, com poucas diferenças, entre elas o tamanho máximo permitido por bloco: 32 MB, em comparação com cerca de 1 MB na rede do Bitcoin “original”.
Quem possuía unidades de Bitcoin em sua carteira, recebeu a mesma quantidade em Bitcoin Cash. Ou seja, se você possuía 2 bitcoins em uma carteira até momentos antes do lançamento, você ganhou acesso a 2 Bitcoin Cash em uma carteira.
Isso significa que a corrente de blocos do Bitcoin foi “copiada”, todas as transações feitas até um momento específico que estavam registradas na blockchain do Bitcoin foram respeitadas, e a partir daí o Bitcoin Cash seguiu um caminho diferente com sua própria corrente, sua própria blockchain.
Ethereum também passou por um hard fork. Em 2016, um hacker furtou cerca de 3,6 milhões de Ethers, a moeda digiral da plataforma Ethereum. Isso equivalia a mais ou menos 50 milhões de dólares.
Descontentes com esse fato, a comunidade Ethereum, assim como os engenheiros responsáveis pelo projeto, decidiram fazer algo a respeito do ocorrido. Três possíveis soluções foram discutidas: ou nada seria feito, ou um soft ou hard fork seriam executados.
a The Ethereum Foundation, em desacordo com o The DAO (Decentralized Autonomous Organization, ou em português Organização Autônoma Descentralizada, um fundo de capital de risco cujo objetivo era financiar aplicações distribuídas na blockchain), decidiu que um hard fork seria a melhor decisão.
Assim como o Bitcoin Cash, o hard fork da Ethereum foi uma bifurcação da blockchain em certo ponto. No caso, o Ethereum Classic (ETC) manteve sua blockchain original e o Ethereum (ETH) segue um blockchain onde o furto do hacker foi revertido.
O novo ramo (ETH) começou a partir do bloco 1.920.000 da antiga blockchain, enquanto o Ethereum Classic continuou com a mesma contagem.
É como se existissem duas cadeias de blocos, uma que decidiu voltar no tempo até antes do ataque e continuar a partir dali e outras que manteve as transações que efetivaram o furto.
Por um lado, “socorrer” as vítimas do ataque hacker vai contra o conceito de imutabilidade, que é extremamente importante porque garante que transações honestas serão mantidas e de forma alguma revertidas pela vontade de alguém. Por outro lado, muitos acreditaram que seria pior manter o ataque.