O mercado financeiro mudou bastante nas últimas décadas. Enquanto formas de pagamento praticamente sumiram, como o cheque, outras tantas apareceram, como o PIX. Além disso, as instituições bancárias tradicionais estão tendo que concorrer diretamente com os bancos digitais, que estão revolucionando o setor.

Outro ponto interessante disso tudo são as chamadas finanças descentralizadas (ou DeFi). Resumidamente, as DeFi são operações realizadas no ambiente blockchain sem a intermediação de uma empresa ou instituição. 

Para se ter uma noção, desde o segundo semestre de 2020, o segmento tem sido comentado por diversas pessoas – inclusive as que trabalham com finanças. E isso não acontece à toa: avaliado em US$ 85 bilhões (fonte: Coingecko), o nicho de DeFi ainda tem muito a crescer, seja no Brasil ou no mundo.

Quer saber mais sobre o assunto? Então continue com a gente que o texto a seguir vai explicar sobre tudo dele!

O que é DeFi?

Sigla para o termo em inglês Decentralized Finances, DeFi é o conjunto de serviços e produtos financeiros que são operados com o auxílio da tecnologia blockchain.

Diante disso, todas as operações realizadas, como empréstimos, sistemas de pagamento e transferências, não possuem um intermediário, facilitando o acesso e barateando os custos ao usuário final.

Para que tudo funcione corretamente, os protocolos DeFi são executados por meio de algoritmos e contratos inteligentes, tipos de programa de computador autoexecutáveis, que rodam dentro da blockchain.

Quando o DeFi surgiu?

Com o surgimento do Bitcoin, primeira criptomoeda que se tem conhecimento, muita coisa no mundo das finanças mudou. No entanto, foi com a criação da rede Ethereum que as DeFi definitivamente surgiram.

No final de 2014, Rune Christensen fundou a MakerDAO, uma das primeiras aplicações DeFi a rodar na Ethereum. Com ela, muitas outras soluções passaram a operar na rede também ao longo dos anos.

Só que, assim como muita coisa surgiu, muitos percalços também surgiram. Em 2016, por exemplo, hackers exploraram uma falha no The DAO, outra aplicação DeFi, e roubaram cerca de US$ 50 milhões em ETH, token nativo da rede Ethereum.

Depois disso, a equipe da Ethereum decidiu por atualizar a sua rede, no intuito de recuperar esse valor perdido. Porém, como nem todos foram a favor da decisão, um hard fork ocorreu, transformando a rede em duas: Ethereum e Ethereum Classic.

Como funcionam as DeFi?

As DeFi funcionam de maneira global, todos os dias e horários e sem intermediários, o que deixa tudo mais rápido e barato.

Veja abaixo como essas soluções funcionam:

Contratos inteligentes

Todas as operações DeFi acontecem com o auxílio de contratos inteligentes, um protocolo de computador autoexecutável e aberto, o que deixa tudo de forma transparente.

Descentralização

Nenhum protocolo DeFi é regulado por um órgão central, como governos, bancos ou sistemas de pagamentos.

Blockchain

Com a tecnologia blockchain, as operações são validadas, verificadas e descentralizadas.

Redes

As DeFi podem ser criadas em diferentes redes, mas a Ethereum é a mais utilizada e segura. Outras redes que valem ser citadas são a BNB Chain, Avalanche, Solana e Cardano.

O que é Total Value Locked (TVL) em DeFi?

O Total Value Locked, ou valor total bloqueado em português, é a soma de todas as criptomoedas emprestadas, apostadas, usadas em operações DeFi ou depositadas em um pool de liquidez. 

Por pools de liquidez, entende-se que são contratos autônomos onde usuários da plataforma DeFi depositam tokens a fim de equilibrar a liquidez das criptos negociadas.

Qual é o Valor Total Bloqueado em DeFi?

Segundo o DeFi Pulse, site de métricas sobre o mercado DeFi, o TVL em DeFi era de US$ 93 bilhões em janeiro de 2022.

Quais as vantagens do DeFi?

As operações DeFi apresentam muitas vantagens ao usuário quando se compara às instituições bancárias tradicionais. 

Conheça algumas delas:

Custos

Muitas vezes, uma pessoa não consegue finalizar um empréstimo num banco comum por conta de suas altas taxas. Diante disso, as aplicações DeFi de empréstimo saem na vantagem, pois as taxas cobradas são bem inferiores às demais instituições.

Sem fronteiras

Por não serem regulados por nenhum órgão, qualquer pessoa tem acesso aos serviços DeFi, independentemente da sua localização geográfica.

Renda passiva

Ao emprestar suas criptos a outra pessoa, ou aplicar o dinheiro em alguma plataforma, o usuário recebe uma renda passiva por meio dos juros praticados.

Pseudoanonimato

Para utilizar os serviços DeFi, a pessoa não precisa criar um cadastro completo com nome, CPF e endereço. No entanto, apesar disso, as transações não são anônimas em sua totalidade porque as identificações de envio e recebimento ficam registradas na blockchain.

Diversificação

Assim como existem muitas formas de se aplicar dinheiro no meio tradicional, nas DeFi ocorre o mesmo. Logo, também é possível diversificar dentro do setor.

Acessibilidade

Para começar a investir em DeFi, não é necessário um grande montante em dinheiro. 

Liberdade

Ao utilizar o DeFi, você pode negociar, trocar ativos e emprestar dinheiro sem intermediários.

Rapidez

Todas as transações DeFi podem ser feitas em qualquer horário do dia e em questão de segundos. Além disso, as taxas e recompensas das aplicações são atualizadas com muita rapidez (no máximo a cada 15 segundos).

Quais os riscos do DeFi?

Assim como possui muitas vantagens, o DeFi também apresenta alguns riscos:

Segurança

Infelizmente, os DeFi são alvos de ataques cibernéticos, justamente por transacionarem volumes altos em dinheiro.

De acordo com o site Cryptosec, de janeiro de 2020 a dezembro de 2021 cerca de US$ 1,7 bilhão foram roubados por criminosos virtuais por conta de falhas ou bugs nos códigos dos protocolos.

Portanto, antes de aplicar seu dinheiro em algum projeto, verifique se é um protocolo sólido e que foi auditado por especialistas.

Golpes

Os golpes também acontecem com frequência na área DeFi. Então, pesquise bastante antes de investir dinheiro em alguma aplicação.

Dificuldade

Por ser um tema novo e bastante complexo, muitas pessoas se afastam do DeFi simplesmente por terem medo de entender como ele funciona.

Volatilidade

Tokens de plataformas DeFi também são muito voláteis, ou seja, podem ter quedas ou altas em questão de pouco tempo.

Quais as aplicações DeFi?

Engana-se quem pensa que o DeFi se resume a uma única coisa. Veja a seguir quais são as principais aplicações na área.

Exchanges descentralizadas

As exchanges descentralizadas, ou DEX, são, como o próprio nome já sugere, corretoras de criptomoedas que não possuem nenhum tipo de intermediário por trás. Sendo assim, tudo é controlado pelos algoritmos e contratos inteligentes (base do DeFi) e as transações são feitas por meio do P2P.

Plataformas de empréstimo

Com o funcionamento parecido com o de bancos e financeiras, as plataformas de empréstimos DeFi possibilitam ao usuário o empréstimo de criptomoedas. Basicamente, para que a cripto seja emprestada a alguém, é preciso que ativos digitais sejam deixados como garantia.

Stablecoins

Criptomoedas pareadas com algum ativo físico, como ouro, commodities ou moedas fiduciárias, as stablecoins visam a estabilidade e segurança do dinheiro do usuário.

Quais os principais protocolos DeFi?

No universo cripto, existem muitos protocolos DeFi, sendo os principais os seguintes:

MakerDAO (MKR)

Um dos projetos pioneiros a surgir no mundo DeFi, o MakerDAO é uma plataforma em que os usuários depositam suas criptomoedas como garantia para pegar a stablecoin DAI emprestada.

Avalanche (AVAX)

Concorrente direta da Ethereum, a Avalanche é uma plataforma de contratos inteligentes interoperável e escalável, o que facilita o lançamento de dApps. Um de seus principais diferenciais é o seu protocolo de consenso (proof of stake).

PancakeSwap (CAKE)

Uma das inúmeras DEX que existem, o PancakeSwap utiliza o mecanismo AMM para que o câmbio entre investidores seja feito sem a necessidade de uma plataforma intermediadora.

Theta Network (THETA)

Software que objetiva a criação de uma plataforma de streaming de vídeo descentralizada, a Theta Network funciona, basicamente, da seguinte maneira: quanto mais usuários ingressam na rede, mais banda fica disponível, o que melhora a qualidade do streaming.

Aave (AAVE)

Plataforma descentralizada de empréstimos, a Aave possibilita que seus usuários emprestem, ou tomem emprestado, criptomoedas e ganhem juros com isso.

Uniswap (UNI)

Uma das principais exchanges descentralizadas, a Uniswap não possui intermediários e todas as suas negociações são geridas por contratos inteligentes.

Compound (COMP)

Plataforma de empréstimo DeFi, o Compound é um projeto que permite com que os usuários peguem criptomoedas de outros, ou concedam, ganhando juros em cima disso. Suas taxas são ajustadas com frequência e de forma automática.

Como investir em DeFi?

Para que os DeFi possam ser acessados, os usuários precisam utilizar softwares dApps (aplicativos descentralizados) e, ao contrário de um banco tradicional, não é necessário fazer cadastro ou abrir uma conta, basta conectar sua carteira de criptomoedas.

Concessão de empréstimos

Com a concessão de empréstimos você pode emprestar suas criptomoedas e receber juros e recompensas constantemente, e não só uma vez no mês.

Tomada de empréstimos

Tenha um empréstimo rápido e instantâneo sem preencher um monte de contratos.

Negociação

Negocie ativos digitais de forma mais livre, seja criptomoedas ou ações.

Poupança

Aplique criptomoedas em uma espécie de poupança e receba juros com taxas melhores aos meios tradicionais.

Compra de derivativos

Aposte em determinados ativos em curto ou longo prazo.

Como pegar empréstimo em uma plataforma DeFi?

Muito parecido com o serviço de empréstimo que as pessoas estão acostumadas, os empréstimos DeFi são oferecidos a partir de dApps.

Para que o empréstimo de criptomoedas seja concedido ao usuário, é necessário que ele bloqueie seus fundos na plataforma ou, ainda, forneça liquidez a algum pool de liquidez para receber juros.

No trading de criptos, não existe nenhuma entidade central que regule as transações realizadas. Em outras palavras, são os próprios usuários que fazem todos os procedimentos.

No universo DeFi, qualquer pessoa pode ser um credor. Ou seja, caso queira, qualquer pessoa pode emprestar suas criptomoedas e ganhar com isso, pois a operação gera renda passiva.

Para quem quer ser o mutuário (quem toma emprestado), é fundamental que se pesquise sobre as plataformas de empréstimos DeFi, a fim de escolher qual a que melhor se encaixa nas suas necessidades.

Conclusão

As finanças descentralizadas apresentam muitas vantagens aos usuários, tornando-se um meio bastante promissor dentro do mercado econômico mundial. 

Com o aumento da procura de criptoativos, o DeFi tem tudo para dar mais autonomia às pessoas, além de melhores soluções. Porém, assim como tudo o que envolve a tecnologia cripto, é preciso muito estudo e cautela antes de decidir por algo.

No blog da Monnos, você tem acesso a várias informações de DeFi e demais operações cripto, o que pode te auxiliar na hora de decidir entre uma ou outra aplicação.

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